Maria Rita Kehl, grande nome da psicanálise brasileira e muito atenta às mudanças que vêm ocorrendo na modernidade, é autora do livro "O Tempo e o Cão - a atualidade das depressões", no qual identifica de que forma a estrutura discursiva da sociedade contemporânea aumenta as possibilidades de uma posição depressiva do sujeito. Kehl nos atenta para o fato de que, sob o slogan do capitalismo "tempo é dinheiro", mais do que nunca o tempo vazio do tédio é visto como algo desesperador, algo que deve ser preenchido a todo custo com o fim de se obter qualquer tipo de satisfação. O tempo de espera para a satisfação, muito valorizado na dita sociedade de produção, durante a qual o grande objetivo era o de acumulação de capital ao invés de o intenso consumismo, é incessantemente preenchido hoje por ofertas de todo tipo.
No vídeo abaixo, Maria Rita Kehl faz um apanhado geral do que escrevera em seu livro sobre a depressão, acima citado, e relaciona o tempo da aceleração dos dias atuais com a figura do depressivo, aquele que resiste a entrar na lógica de nossos dias, escancarando o que fora dissimulado pelo intenso ritmo de vida.